
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) está apurando o conteúdo de um áudio em que o secretário de Saúde de Luziânia, Divonei Oliveira de Sousa, diz que é ele quem decide a ordem da fila de cirurgias do município. A gravação foi feita por uma servidora pública, que discorda da forma como a escolha dos pacientes é feita.
“Se tem dez cirurgias de vesícula, eu faço oito e duas eu faço de acordo com o processo. Isso faz parte do jogo”, disse, em um trecho do áudio.
Em resposta à TV Anhanguera, o secretário de Saúde do município disse: “Vamos deixar o MP investigar. Não fizemos nada fora daquilo que preconiza o SUS [Sistema Único de Saúde]”.
O áudio foi gravado durante uma reunião entre Divonei e a diretora do Hospital Municipal do Jardim Ingá, Enilda Meireles. Eles conversavam com uma servidora responsável pela gestão da agenda das cirurgias e consultas. Em um momento, Divonei afirmou que é ele quem define a fila das cirurgias.
Em outro trecho da gravação, ele diz que iria afastar a servidora das funções por ela discordar e questionar a forma que ele gerencia a ordem dos procedimentos.
“Você não vai ficar mais na marcação de consulta. Quem define sou eu. Se você não está concordando, isso não é problema meu”, completou o secretário, na gravação.
Após a divulgação do áudio, a 6ª Promotoria de Justiça de Luziânia disse, na segunda-feira (30), que já tem ciência dos fatos e que adotará as providências cabíveis, que serão definidas pelo promotor de Justiça. “Neste momento, não é possível adiantar posicionamentos”, descreveu a nota.
O advogado da servidora pública que gravou o áudio disse que a cliente passou a sofrer retaliações por discordar das ordens do secretário e da diretora do hospital. Em nota, ela confirmou a autenticidade da gravação e disse que já comunicou o fato às autoridades competentes.
À TV Anhanguera, a Prefeitura de Luziânia disse que segue rigorosamente o critério de regulação do SUS nos atendimentos do município e que vai ser instaurada uma sindicância para apurar a existência de alguma irregularidade para, assim, tomar as providências cabíveis.
A reportagem tentou contato com a diretora do Hospital Municipal do Jardim Ingá, Enilda Meireles, mas ela disse que o assunto deve ser tratado com o Secretário de Saúde de Luziânia. (G1 Goiás)
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